Apesar do “inverno” observado em 2022, o crescimento das startups no Brasil, considerando uma janela de tempo maior, segue em uma tendência de alta.
É o que mostram alguns estudos de instituições que lidam diretamente com negócios relacionados ao hub da inovação.
De fato, o mercado passou por um “choque de realidade” devido a uma conjunção de fatores.
A escalada da inflação global, o aumento das taxas de juros e a transição política no Brasil são alguns dos mais relevantes.
Em cenários assim, é natural que os investidores reduzam o apetite por ativos de alto risco e sejam mais criteriosos nos aportes.
Especialistas concordam, no entanto, que o arrefecimento percebido em 2022 foi muito mais um “freio de arrumação” do que uma interrupção do crescimento das startups no Brasil.
Continue a leitura para entender melhor.
Dados sobre o crescimento das startups no Brasil
O crescimento das startups no Brasil não cessou diante do cenário adverso percebido em 2022, desencadeado sobretudo por fatores macroeconômicos.
Nesse aspecto, podemos classificar o crescimento do mercado de startups de diferentes maneiras, sendo os principais:
- O volume de recursos aportados pelos investidores nas rodadas de capitalização
- A quantidade de novas startups registradas.
Quanto aos aportes de recursos em empresas inovadoras, um estudo da plataforma Distrito traz alguns dados que merecem reflexão.
São eles:
- As startups brasileiras captaram US$ 4,45 bilhões em 2022
- Em relação a 2021 (US$ 9,7 bilhões), a queda foi de de 54,5% no volume captado
- Em comparação a 2020, no entanto, o aumento foi de 23,96%
- Do total de aportes, a maior fatia foi para investimento série A (startups mais maduras)
- Em quantidade de rodadas, a liderança ficou com as startups seed (280 no total).
Percebe-se que, apesar da queda substancial no volume de recursos destinados ao crescimento das startups no Brasil (2023-2022), o saldo ainda é positivo em relação a 2020.
Mas será que essa ponderação faz sentido?
Conforme Gustavo Gierun, CEO da plataforma Distrito, sim, principalmente porque 2021 foi um ano “fora da curva” para as startups brasileiras.
“Não devemos usar um ano ou um semestre fora do comum como um comparativo de crescimento real para anos posteriores”, disse ele ao portal PEGN.
Em relação à quantidade de novas startups, os dados apresentam variações conforme os métodos de captação e análise.
A plataforma Distrito, que conta com 12.874 startups ativas, mapeou o registro de 176 startups em 2022.
Os dados estatísticos do Inova Simples, plataforma do governo federal que facilita a abertura de startups, por outro lado, apresentam dados bem diferentes.
Ao longo de 2022, foram abertas, apenas pelo regime, 1.548 startups.
Em 2023, até maio, o Inova Simples já havia registrado 374 novas startups abertas.
O que explica o crescimento das startups no Brasil?
O crescimento das startups no Brasil, a despeito dos problemas macroeconômicos nacionais e globais, está fundamentado em uma questão elementar: a quantidade de problemas sem solução que temos por aqui.
Os gargalos observados nos mais diversos segmentos econômicos e sociais transformam o Brasil em um “oceano azul” para o empreendedorismo inovador.
Há problemas sociais, burocráticos, logísticos, de saúde, de saneamento, de produtividade, de eficiência operacional e muitos outros.
Vale mencionar que o grande objetivo de uma startup potencialmente escalável é resolver uma dor que atormenta um determinado público, dentro de um mercado grande o suficiente para justificar os investimentos.
Crescimento das startups no Brasil: o segmento pode fazer a diferença
O crescimento das startups no Brasil pode ser diferente também conforme o segmento de atuação.
O setor financeiro, representado pelas fintechs, liderou o crescimento nos últimos anos, principalmente quanto aos aportes.
Dos US$ 4,45 bilhões investidos em empresas inovadoras em 2022, por exemplo, US$ 1,74 bilhão ficou com as startups financeiras, que marcaram presença em 148 rodadas.
Há ainda outros setores também relevantes, como o agronegócio.
Conforme o levantamento Radar Agtech, realizado pela Embrapa, uma a cada três startups do agronegócio atua fora do Brasil.
Do total de agrotechs mapeadas, 43% faturaram mais de R$ 1 milhão em 2022 (11% faturaram mais de R$ 5 milhões).
Dentro do segmento agro, as agrotechs atuam basicamente em três frentes:
- Antes da fazenda: negócios dedicados ao desenvolvimento de fertilizantes, inoculantes, crédito de carbono, análise fiduciária, análise laboratorial, etc
- Dentro da fazenda: startups especializadas em desenvolver sistema de gestão de propriedade, análise de dados, monitoramento por imagens, etc
- Depois da fazenda: startups que desenvolvem alimentos baseados em novas tendências, plataformas de marketplaces, sistema de infraestrutura, entre outros.
Além das agrotechs ou agtechs, podemos citar as healthtechs (saúde), as startups de cibersegurança (que levantaram US$ 282 milhões em dois anos), as martechs (marketing) e as retailtechs (tecnologia para o varejo).
Perceba que em diferentes setores e segmentos de mercado há tecnologias e processos a serem aprimorados, o que alavanca o crescimento das startups no Brasil mesmo em cenários adversos.
A crise nas startups brasileiras já passou?
É difícil cravar uma resposta exata, mas ao que tudo indica, talvez o inverno não seja tão longo e rigoroso como se imaginava no final de 2022.
Com a redução dos aportes, sobretudo para startups em estágios avançados, o que se viu ao longo do último ano foram demissões em massa, inclusive nos unicórnios, e uma revisão dos valuations.
Houve também um número expressivo de M&As (187 aquisições e 13 fusões, conforme estudo da plataforma Distrito), o que chama a atenção pelo seguinte:
- Um processo de fusão ou aquisição geralmente é uma oportunidade de “exit” para os investidores que acreditaram no projeto desde o início
- Em épocas de crise, no entanto, uma operação desse tipo pode ter outro significado
- Sem novos aportes, muitas startups enxergam no M&A uma saída para evitar a falência prematura, o que pode contribuir para números como os citados acima.
Quanto à crise já ter passado, este post do portal Exame fala em retomada dos investimentos em startups em 2023.
Os motivos podem estar relacionados às expectativas do mercado para os indicadores macroeconômicos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Com os últimos dados de inflação mostrando sinais de desaceleração, há uma expectativa de redução das taxas de juro, o que tem efeito direto sobre a decisão de alocação dos investidores.
Expectativas para o mercado brasileiro de startups
Diante do que vimos até aqui, as expectativas para o crescimento das startups no Brasil são otimistas, sobretudo levando em consideração o movimento cíclico da economia.
Depois da tempestade sempre vem a bonança, e esse princípio se aplica também ao universo das startups.
Uma das razões para estar otimista com o mercado inovador tem relação direta com os diversos problemas que precisam de solução no Brasil.
É um mar de oportunidades.
Do ponto de vista do investidor, com a “correção dos valuations”, o momento também é propício à aquisição de bons ativos a preços descontados.
Em algum momento, as condições econômicas melhoram e os ventos voltam a soprar a favor do crescimento das startups no Brasil.
O timing exato ninguém sabe ao certo, nem mesmo o consenso dos melhores especialistas.
Como empreendedor, você precisa estar preparado.
Como aumentar a chance de crescimento da sua startup?
O crescimento das startups no Brasil, como vimos ao longo deste post, não pode ser a qualquer custo, mas sustentado por fundamentos.
Para aumentar as chances de crescer e escalar o seu negócio, portanto, você precisa se profissionalizar, sobretudo em cenários de incertezas como o que vivemos.
Assim, seu negócio terá condições de superar as adversidades, ganhar vantagem competitiva e explorar ótimas oportunidades de mercado.
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