O crowdfunding como estratégia de captação de recursos ainda é incipiente no Brasil, mas a julgar pelas iniciativas bem sucedidas, tem tudo para decolar.
A boa notícia vem das recentes regulamentações editadas pela CVM e pelo Banco Central, cujo objetivo é dar mais segurança jurídica ao investimento participativo.
Para o empreendedor, a possibilidade de captar recursos via crowdfunding representa o fim da barreira geográfica, considerando o alcance ilimitado das plataformas digitais.
Para os investidores, significa a oportunidade de participar de projetos de alto impacto e com grande potencial de retorno.
A seguir, descubra como o crowdfunding pode alavancar o seu negócio.
O que é crowdfunding?
Crowdfunding é uma expressão em inglês que significa financiamento colaborativo, uma estratégia de captação de recursos usada em diferentes campanhas e projetos, com ou sem fins lucrativos.
A ideia é reunir pessoas com interesses em comum dispostas a colaborar com uma iniciativa, que pode ser social, ambiental, cultural ou empresarial.
O conceito de crowdfunding, considerado uma evolução da “vaquinha”, ganhou força com a internet, mas já era praticado antes mesmo da transformação digital.
Campanhas sociais renomadas, como Criança Esperança e Teleton, são exemplos de como é possível engajar grande número de pessoas por uma causa.
No universo das empresas, o crowdfunding começou a ganhar musculatura a partir do surgimento das startups.
Por meio das plataformas de investimento coletivo, vários investidores aportam recursos em empresas inovadoras e se tornam sócios (ou credores) de negócios potencialmente escaláveis.
Quais são as modalidades de crowdfunding?
Como você viu, a estratégia de crowdfunding pode ser usada para diferentes finalidades, de uma ação entre amigos a um investimento empresarial.
Vamos, então, às principais modalidades de crowdfunding existentes no Brasil:
1. Campanha sem recompensa: esse é um caso de crowdfunding de doação, em que os participantes colaboram com determinada quantia em dinheiro na forma de subvenção. Geralmente é usado por instituições sem fins lucrativos
2. Campanha com recompensa: nesta modalidade, os participantes do projeto ou campanha recebem algo em troca, como brindes e amostras grátis
3. Debt crowdfunding: aqui a operação se dá por meio de um empréstimo coletivo, em que os investidores aportam dinheiro na expectativa de receber o capital acrescido de juros no futuro
4. Equity crowdfunding: financiamento coletivo por meio do qual os investidores aportam recursos em empresas em troca de participação societária.
No caso de investimento em startups, as modalidades usualmente aplicadas são as de debt crowdfunding (título de dívida) e equity crowdfunding (participação societária).
Regulamentação do crowdfunding no Brasil
No contexto regulatório, tanto investidores quanto empreendedores precisam atentar-se a duas regulamentações sobre o investimento por meio de crowdfunding no Brasil:
1. A resolução CVM 88, de abril de 2022, alterada pela Resolução CVM 158 de junho do mesmo ano, que trata do equity crowdfunding
2. A resolução CMN 4.656, de abril de 2018, que trata do debt crowdfunding (operações de empréstimos).
No caso do equity crowdfunding, a regulamentação da CVM traz algumas novidades que valem destaque.
Uma delas diz respeito à participação direta do investidor não-qualificado, que tem menos de R$ 1 milhão aplicados no mercado de financeiro, nas rodadas de investimento.
Antes da regulamentação, os aportes em startups se davam basicamente por meio de fundos venture capital ou private equity, constituídos na forma de Fundos de Investimento em Participação (FIPs), exclusivos para investidores qualificados.
Outra novidade é quanto à negociação subsequente dos títulos de valores mobiliários, um tipo de mercado secundário no qual o investidor pode vender sua participação a outros investidores por meio das plataformas de crowdfunding.
Isso pode encorajar investidores que não participavam desse mercado devido à baixa liquidez do investimento.
Principais plataformas de crowdfunding
Considerando apenas o universo dos investimentos em startups, algumas plataformas eletrônicas que atuam no Brasil são:
- Captable: plataforma de crowdfunding de captação pública e privada, primeira a oferecer o mercado subsequente de títulos (venda entre investidores)
- Bloxs Investimentos: atua nas modalidades de equity crowdfunding e debt crowdfunding, dando ao empreendedor a opção de decidir se vende parte do patrimônio de empresa ou se toma um empréstimo
- EqSeed: startup de equity crowdfunding, destinada a captação de recursos mediante participação societária
- INCO: startup de crédito do tipo debt crowdfunding, através da qual empresas tomam empréstimos dos investidores na modalidade renda fixa
- Nexxos: também do tipo debt crowdfunding, une empresas que precisam de dinheiro e investidores em busca de rentabilidade acima da renda fixa tradicional, inclusive com pagamento mensal.
No mercado internacional, entre as principais plataformas de crowdfunding, destacam-se:
- GoFundMe: plataforma americana com mais de 5 bilhões de dólares transacionados em projetos diversos
- Kickstarter: também americana, já captou mais de 6 bilhões de dólares para o trabalho criativo
- Indiegogo: um dos primeiros sites de financiamento coletivo de que se tem registro, surgiu na Califórnia e está presente nos principais países do mundo.
Vantagens e desvantagens do crowdfunding
Assim como outras fontes de recursos, a captação por meio do crowdfunding também tem pontos positivos e negativos.
As principais vantagens são:
- Ampliação do alcance do empreendedor, que pode contar com investidores de diversas partes do Brasil e do mundo graças às plataformas digitais
- Eficiência e agilidade no processo de captação (alguns projetos conseguem levantar o montante necessário em questão de horas)
- Amadurecimento de um mercado ainda pouco líquido, mas com grande potencial, inclusive com a participação de investidores pessoas físicas
- Fomento ao empreendedorismo inovador nos mais diversos setores e segmentos, com foco em resolver as dores do público.
Quanto às desvantagens, podemos destacar:
- Divulgação “prematura” do modelo de negócio, o que pode despertar o interesse da concorrência
- Grande quantidade de sócios-investidores para um negócio recém-estruturado ou em fase de ideação
- Ausência do chamado smart money (dinheiro inteligente), como nos casos dos investidores-anjo que auxiliam o empreendedor na tomada de decisões.
Como fazer um projeto de crowdfunding de sucesso
Considerando a modalidade de equity crowdfunding, a mais comum dentro do ecossistema startup, você pode captar até o limite de R$ 15 milhões, conforme regulamentação da CVM.
A seguir, confira algumas dicas de como proceder.
Crie um pitch deck profissional
O pitch deck é um dos principais instrumentos de divulgação de sua startup nas rodadas de investimento.
Trata-se de uma apresentação curta, objetiva e visualmente agradável, através da qual os investidores terão uma visão geral sobre o seu modelo de negócio.
A dica é usar menos texto e mais infográficos para ressaltar as informações relacionadas ao seu projeto e ao mercado de atuação.
Atenção aos detalhes formais e jurídicos
Para participar de uma rodada de investimentos por meio do equity crowdfunding, você precisará se preocupar também com os aspectos jurídicos.
Afinal, o investidor precisará ter acesso a documentos societários da startup, análise contábil e jurídica, contrato de investimento, riscos relacionados à oferta, etc.
Escolha a plataforma de crowdfunding
O passo seguinte é escolher a plataforma de crowdfunding por onde você fará a captação.
Durante a pesquisa, considere aspectos quantitativos e qualitativos, como:
- Volume financeiro transacionado
- Quantidade de investidores cadastrados
- Projetos concluídos
- Depoimentos de empresários
- Comentários em redes sociais e em fóruns de discussão.
Prepare-se para a due diligence
Antes de abrir as rodadas de investimento, a plataforma de crowdfunding faz uma diligência prévia para se certificar de que a startup atende aos requisitos preestabelecidos.
Para superar essa fase com tranquilidade, pesquise sobre as regras de participação e mantenha sua empresa organizada, tanto do ponto de vista legal quanto contábil.
Melhores crowdfunding brasileiros: cases de sucesso
Quer ver alguns cases de startups que começaram por meio do financiamento coletivo e alcançaram o sucesso?
A seguir, confira dois exemplos.
Resale
Primeiro case de retorno de equity crowdfunding do Brasil, a proptech Resale participou da primeira rodada de captação por meio da plataforma Kria em 2016.
Três anos depois, foi adquirida pelo BTG Pactual, resultando em exit para os investidores da ordem de 128%.
A startup do mercado imobiliário é especialista em operações de compra e venda de imóveis retomados e se autointitula o “maior outlet de imóveis do Brasil”.
Zletric
A Zletric, startup focada em solução inteligente para mobilidade urbana, é um case de sucesso recente, de 2022.
Apenas cinco meses após a rodada de investimento feita pela Captable, em que captou R$ 5 milhões em apenas 90 minutos, a empresa fundiu-se com a Ecovagas, rede de carregamento da Estapar e EnelX.
Nesse meio tempo, anunciou também parcerias com outras empresas renomadas, como 99 e Movida.
Crowdfunding para empreendedores
Captar recursos, seja por meio do equity crowdfunding ou por outras fontes de investimento, é uma tarefa que exige preparo e empenho.
Não basta ter uma boa ideia.
É preciso saber comunicá-la aos investidores do jeito certo, além de cuidar dos aspectos formais do negócio, inclusive da organização contábil e financeira.
Ainda bem que para ajudar você a se preparar para essa etapa fundamental dos negócios existe a Comece com o Pé Direito, contabilidade online especialista em inovação.
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