A gestão de startups, ou a falta dela, está entre as principais causas de mortes prematuras de negócios inovadores e potencialmente escaláveis.
Conforme um estudo da PwC Brasil, o índice de mortalidade é consideravelmente alto nos primeiros anos de vida quando comparado ao de outros tipos de empresas: nove em cada dez startups brasileiras.
É verdade que o ambiente de extrema incerteza não esconde os riscos, mas nem sempre a culpa é de fatores externos.
Fazer gestão de startups é um trabalho interno, pouco glamouroso e nem sempre com resultados imediatos, o que exige autodisciplina e métodos ágeis.
Quer saber como fazer do jeito certo?
Acompanhe as nossas dicas!
O que é gestão de startups?
Gestão de startups é a sistematização de práticas de administração de pessoas, recursos e processos com o objetivo de alcançar as metas e objetivos da empresa no curto, médio e longo prazos.
Trata-se de um trabalho nem sempre estimulante, mas que precisa ser feito, sob pena de um negócio promissor simplesmente fracassar por falta de controle.
Podemos comparar a gestão de startup ao alicerce de uma casa, que ninguém vê mas é fundamental para sustentar uma boa construção.
Ou às obras de esgotamento sanitário para um político que, embora não dê a mesma visibilidade de projetos arquitetônicos grandiosos, precisam ser feitas sob o risco de causar estragos irreparáveis.
Em resumo, podemos dizer que a gestão de startups é a convergência de três pilares centrais:
- Pessoas
- Tecnologia
- Processos.
Para um negócio crescer e escalar, o gestor precisa das pessoas certas, munidas das ferramentas adequadas, alinhadas a processos bem definidos.
A tecnologia é uma importante aliada, sem a qual uma startup dificilmente alcançará o crescimento exponencial.
Porém, vale destacar que nem mesmo as ferramentas mais sofisticadas fazem sozinhas o trabalho de gestão.
Não é possível simplesmente “comprar um pacote de gestão para startups” e esperar que os resultados apareçam.
O empreendedor pode (e deve) usar a tecnologia a seu favor e tirar o melhor proveito dela, desde que tenha um método definido que vá além do cumprimento das obrigações legais.
O que tem de diferente na gestão de uma startup?
O que faz a gestão de startups ser diferente das técnicas tradicionais de administração de empresas são os modelos de negócios, que exigem agilidade no processo de decisão.
Em empresas convencionais, a gestão é verticalizada e as decisões estratégicas são tomadas no topo de hierarquia, de onde partem as ordens para os níveis tático e operacional.
Os processos, em geral, são burocráticos e demorados.
Nas startups, não.
A gestão é horizontalizada, com espaço para a participação democrática, estímulo à autogestão, ao intraempreendedorismo e à adoção de métodos simplificados e inovadores.
Podemos destacar nesse contexto algumas metodologias amplamente utilizadas na gestão de startups que passaram a ser adotadas, inclusive, por empresas já consolidadas.
São elas:
Métodos Lean e Agile startup
O método Lean Startup, impulsionado pela obra de Eric Ries, é muito usado na criação de negócios, projetos e produtos com o objetivo encurtar os ciclos de desenvolvimento.
A ideia central é evitar desperdícios e otimizar o emprego de recursos, usando uma abordagem científica para criar e gerir startups com base na experimentação e teste de hipóteses.
O MVP (Minimum Viable Product) é uma das estratégias desse modelo, que tem como objetivo captar as avaliações do público sobre um determinado produto ou serviço antes do seu lançamento.
Os métodos ágeis, inspirados no Manifesto Ágil (Agile), seguem o mesmo caminho: têm como propósito promover o desenvolvimento iterativo, a entrega incremental e a avaliação contínua.
De acordo com o relatório da Agile Project Delivery Confidence (em, inglês) da PwC, startups que adotam métodos ágeis melhoram sua performance em 28%, em comparação às empresas convencionais.
Squads
Aplicado à gestão de startups, o modelo squad parte do pressuposto de que equipes bem selecionadas e treinadas podem ter autonomia para trabalhar.
O propósito é criar um ecossistema que proporcione aumento da produtividade graças à agilidade no cumprimento das etapas de trabalho e liberdade para propor novas ideias.
Business Model Canvas
Muito conhecido entre gestores de projeto, o Canvas é um método capaz de resumir um plano de negócios em uma única página.
Em vez de documentos densos e teóricos, quadros simples facilitam a compreensão ao destacarem os principais elementos a serem considerados pela gestão, como:
- Parcerias principais
- Atividades principais
- Recursos principais
- Proposta de valor
- Relacionamento com o cliente
- Segmento de clientes
- Canais
- Estrutura de custos
- Fontes de receita.
O modelo é composto por nove blocos divididos entre os aspectos subjetivos (proposta de valor, relacionamento com o cliente) e os objetivos (custos, fontes de receitas, parcerias, etc.).
Design Thinking
No contexto da gestão de startups, o Design Thinking também pode ser usado para encontrar soluções para os mais diferentes problemas.
A ideia é criar empatia, colocando-se no lugar do cliente para entender suas dores e anseios, com o objetivo de obter insights valiosos.
A implantação do método pode ser feita etapas, como:
- Imersão: compartilhamento de ideias por meio da colaboração mútua
- Ideação: amadurecimento da ideia e teste de hipóteses a fim de verificar se a solução é “desejável, viável e praticável”
- Prototipação: testes práticos
- Realização: quando a solução, enfim, é colocada à disposição do mercado.
Principais desafios da gestão de startups
A gestão de startup, como vimos, precisa ser ágil e enxuta, baseada em processos eficientes e livre de burocracias desnecessárias.
Para isso, alguns desafios precisam ser superados, em muitos casos, começando pela mudança de mindset dos próprios líderes.
Confira alguns exemplos:
Desafios na gestão de processos
Por mais que o gestor saiba que é importante criar um MVP ou seguir os princípios do customer development, aplicar o conhecimento à prática do dia a dia é um desafio.
Alcançar o product-market fit (ajuste do produto ao mercado) certamente vai exigir algumas tentativas e erros.
Gestão financeira
O orçamento é outro desafio importante para as empresas embrionárias, sobretudo na fase de ideação.
Do nascimento da ideia aos primeiros resultados, as startups queimam muito caixa e precisam, na maioria das vezes, recorrer a rodadas de investimento para garantir a sustentação do negócio.
Alocar os recursos de maneira eficiente e inteligente, de forma a alcançar os “milestones” propostos, exige planejamento e disciplina.
As ferramentas de gestão podem ajudar, como um bom ERP, além da terceirização das rotinas burocráticas a empresas especializadas por meio do BPO financeiro.
Dentro da estratégia de gestão para startups, contudo, o empresário precisa ter um plano financeiro que faça sentido.
Gestão de crise
Devido ao ambiente de extrema incerteza no qual habitam as startups, a necessidade de pivotar ou promover um turnaround completo é relativamente comum.
Devido à velocidade com que as transformações ocorrem, o principal desafio da gestão em momentos de crise é agir de forma rápida e assertiva.
Afinal, a gestão de crise consiste em errar rápido (e barato) e corrigir mais rápido ainda.
Livros sobre gestão de startups
Ler bons livros sobre gestão de startups é fundamental para empreendedores que desejam ampliar a visão de negócios e abrir novos horizontes.
Algumas obras bem avaliadas pelo público são:
- A estratégia do Oceano Azul, dos autores W. Chan Kim, W. Chan Kim Renée Mauborgne
- Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo, do autor Jeff Sutherland
- Os segredos da gestão ágil por trás das empresas valiosas, dos autores João Kepler e Thiago Oliveira
- A Startup Enxuta, de Eric Ries.
Dos livros sobre gestão de startups sugeridos acima, o de Eric Ries (Startup Enxuta) vale destaque especial.
A obra faz parte do acervo de leituras obrigatórias para quem pretende usar a inovação com o objetivo de criar negócios exponenciais.
Os principais conceitos adotados pelas empresas inovadoras, como MVP, pivotagem e lean startup, foram ressignificados pelo autor.
Ao explicar como a experimentação tem mais valor do que planos convencionais e que o feedback dos clientes é mais importante do que a intuição do empreendedor, Eric Ries mostra como construir um produto, testar sua aceitação e aprender com os erros.
Como melhorar a gestão de startups?
O aperfeiçoamento da gestão de startups deve ser uma prática diária, um hábito integrado à cultura organizacional.
Mesmo após definir um método de gestão com base nos princípios ágeis e lean, é importante revisar periodicamente os processos.
Nesse sentido, algumas dicas podem ajudar, como:
- Uso de ferramentas tecnológicas: integração do ERP com o CRM (Customer Relationship Management), implantação de indicadores de performance, adoção do Business Intelligence, entre outras
- Terceirização das atividades de rotina ou esporádicas a empresas especializadas, como estratégia de redução de custos e otimização de resultados.
Quanto ao segundo tópico, é exatamente o que a Comece com o Pé Direito oferece às startups e scale-ups: serviços de assessoria e consultoria contábil, fiscal e trabalhista, além de apoio em uma gestão data-drive por meio de ferramentas de Business Intelligence
Portanto, se você tem uma startup, precisa gerir seu negócio com mais qualidade e inteligência, mas está preso às amarras burocráticas do dia a dia, conte com a gente.
Ao delegar seus serviços contábeis à Comece com o Pé Direito, você ganha tempo para pensar nas estratégias necessárias para buscar a escalabilidade.