Investidor-anjo: o que é e como conseguir o aporte para sua startup

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Pode-se dizer que o investidor-anjo é um dos principais protagonistas do desenvolvimento de startups, empresas nascentes que visam a transformar o jeito de fazer negócios.

Com experiência profissional, visão de mercado e dinheiro para investir, é um dos primeiros a acreditar no potencial de uma boa ideia.

O aporte de capital é fundamental, mas o investidor-anjo vai além: investe também tempo e conhecimento nas startups – por isso, é tão disputado pelos empreendedores.

Acompanhe os tópicos a seguir e entenda melhor.

O que é investidor-anjo?

O investidor-anjo é uma pessoa física – normalmente (ex) empresário ou empreendedor – com vasto conhecimento no mercado econômico ou pessoa jurídica (fundo de investimento) que utiliza seu próprio capital para aplicar em empresas com grande potencial de crescimento.

“O vínculo entre o investidor e a empresa ocorre quando a startup deixa de ser uma ideia e consolida sua definição se transformando em um protótipo. É nesse momento que o investidor entra em cena tentando viabilizar o negócio”, destaca o CEO da Comece, Ângelo Mori Machado.

Na prática, o investidor nem sempre é alguém com grande recurso financeiro. 

Ele também não busca rendimentos em curto e médio prazo, mas sim que o negócio dê certo.

Afinal, ao aumentar os rendimentos da empresa, ele receberá sua fatia maior em retorno.

Por isso, investidores-anjo costumam aplicar o próprio patrimônio – entre 5 e 10% dele – em empresas de alto potencial.

Como funciona o investimento do anjo?

O aporte do investidor-anjo funciona através de um contrato de participações, cujo objetivo é um investimento produtivo.

É importante ressaltar que o dinheiro aportado pelo investidor não é considerado capital social da empresa.

Outro ponto que deve ganhar destaque é quanto ao tempo mínimo de resgate do dinheiro: mínimo de dois anos, tendo esse período como carência para a empresa.

O máximo de permanência do investidor é de até sete anos.

O investidor-anjo poderá receber da distribuição de dividendos o limite de, no máximo, 50% do lucro.

O que diz a lei complementar do investidor-anjo?

A Lei Complementar 182/21, que institui o marco legal das startups e do empreendedorismo inovador, traz definições claras sobre o investidor-anjo e mais segurança jurídica para o mercado.

Em seu Artigo 2, a lei diz que o investidor-anjo “não é considerado sócio, não tem direito a gerência ou a voto na administração da empresa e não responde por qualquer obrigação, sendo remunerado por seus aportes”.

Quanto às obrigações, a lei é ainda mais clara no Artigo 8: “o investidor que realizar aporte de capital (…) não responderá por qualquer dívida da empresa, inclusive em recuperação judicial”.

O marco legal das startups define também os instrumentos jurídicos por meio dos quais os aportes de capital podem ser feitos nas startups.

Os principais são:

  • Contrato de opção de subscrição de ações ou de quotas celebrado entre o investidor e a startup
  • Contrato de opção de compra de ações ou de quotas celebrado entre o investidor e os acionistas ou sócios da startup
  • Contrato de mútuo conversível em participação societária
  • Estruturação de sociedade em conta de participação
  • Contrato de investimento-anjo na forma da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Entre os instrumentos possíveis, o contrato mútuo conversível é o mais utilizado, inclusive quando o recurso é captado por meio de plataformas de crowdfunding.

Como vimos, em um primeiro momento o investidor-anjo não se torna sócio do negócio, mas isso pode ocorrer caso o aporte de capital seja convertido em participação societária.

Importância do investidor-anjo para startups

Ah, o desejo de empreender!

O sonho de abrir a própria empresa, ser bem-sucedido, crescer exponencialmente e quem sabe um dia até aparecer na lista de bem sucedidos da Forbes.

Trilhar o caminho dourado em direção ao castelo de esmeraldas e sentar-se no trono para comandar o seu império.

OK, agora já pode acordar

A realidade é um travesseiro de penas te acertando no rosto, mas veja bem, quando você se adapta a ela – e aprende – é possível descansar a cabeça sobre esse mesmo travesseiro e dormir em paz.

Para crescer, empresas startups e scale-ups partem em busca dos mais diversos tipos de investimento.

Utilizar o próprio dinheiro para dar os primeiros passos na hora de abrir o próprio negócio, buscar fundos de venture capital – que são quantias elevadas de dinheiro focadas em negócios mais maduros – ou ir ao encontro de um investidor-anjo.

O investidor-anjo entra no negócio logo depois da fase inicial de abertura de uma startup, com o objetivo de alavancar a empresa.

O termo surgiu lá na década de 1920, diretamente dos teatros da Broadway, em Nova York. 

Isso porque os empresários que bancavam os custos caríssimos das produções teatrais e participavam do retorno financeiro eram chamados de “anjos”.

Atualmente, os investidores-anjos são conhecidos não apenas por auxiliar financeiramente uma startup, mas também por serem terapeutas e professores dessas empresas recém-nascidas.

Basicamente, eles oferecem:

Curiosidade: esse tipo de assistência é conhecido também como smart money (dinheiro que vem acompanhado de conhecimento).

Preciso de um investidor-anjo? Quando é o momento de procurar?

A busca por aportes de investidor-anjo geralmente é feita nas fases iniciais da startup, logo após a ideação, como forma de complementar o capital investido pelos sócios.

Nesse aspecto, é importante que o empreendedor tenha pelo menos um MVP para complementar seu pitch deck.

Isso demonstra que ele fez o dever de casa e acredita na solução que pretende desenvolver.

Por se tratar de projetos inovadores que ainda estão em desenvolvimento, o investimento em startups é de alto risco e o investidor-anjo sabe disso.

A vantagem é que ele não investe apenas dinheiro: contribui também com sua experiência e visão de mercado, oferecendo aconselhamentos na tomada de decisão.

O que um investidor-anjo procura em uma startup?

De maneira resumida, o investidor-anjo procura em uma startup oportunidades de rentabilizar o seu capital por meio de investimento em modelos de negócio repetíveis e escaláveis.

Para que o investimento faça sentido, a possibilidade de retorno deve ser compatível com os riscos, algo que o mercado financeiro chama de relação risco-retorno ou retorno ajustado ao risco.

Como as startups atuam em ambientes de extrema incerteza, o retorno deve ser potencialmente superior ao de outros tipos de ativos disponíveis no mercado.

Do contrário, o investimento-anjo não faria sentido.

Em função disso, é comum os investidores-anjo delimitarem alguns setores ou segmentos nos quais se sentem mais confiantes em investir.

Um investidor que tenha construído carreira na construção civil, por exemplo, pode direcionar seu capital às construtechs ou proptechs devido à familiaridade com o mercado.

De toda forma, algumas características são comuns quando o assunto é investimento em startups:

  • Viabilidade da solução proposta
  • Modelo de receita que faça sentido
  • Possibilidades de crescimento em escala
  • Tamanho do mercado
  • Experiência e formação da equipe
  • Brilho nos olhos do empreendedor.

Como conseguir um investidor-anjo?

Embora as particularidades do seu ramo de atuação e do próprio investidor devam ser consideradas, os passos a seguir representam o básico a fazer para conquistar esse aporte.

Confira as nossas dicas.

1. Conheça o seu propósito

Não pense apenas em ganhar dinheiro.

Volte lá no começo dos seus sonhos, descubra qual é a sua paixão e se você está disposto a dedicar – e arriscar – grande parte da sua vida nesse negócio.

Tendo confiança no que faz, será muito mais fácil conquistar um investidor-anjo e convencê-lo a entrar nesse sonho com você.

2. Observe o mercado

Após identificar um problema relevante que merece ser solucionado, você deve ouvir seu cliente-alvo para ratificar ou retificar suas hipóteses. 

A essa pesquisa aprofundada de mercado, Steve Blank dá o nome de customer development.

Consiste basicamente em colocar o foco no cliente e entender suas dores para oferecer a melhor solução.

Caso o feedback seja positivo, você tem um argumento a mais para apresentar ao investidor-anjo em uma rodada de investimento.

3. Apresente mais do que apenas uma ideia

O investidor-anjo já é experiente e vai avaliar o risco do investimento e o retorno que ele dará.

Mais do que apresentar inovação, deixe três coisas muito claras: problema, solução e modelo de negócio.

Para isso, responda às seguintes questões:

  • Qual problema o seu negócio soluciona?
  • Como seu produto o resolve?
  • Como você vai monetizar seu modelo de negócios?

Quanto mais você amadurecer o seu projeto, mais facilmente ele será aceito.

4. Tenha uma boa equipe

Para chegar ao sucesso, é necessário ter uma equipe disposta e engajada junto com você.

Invista no seu departamento pessoal e faça a terceirização de alguns setores que você não tem tanto domínio.

Esse não é um fator decisivo apenas para conquistar um investidor-anjo, mas também para fazer o seu negócio deslanchar.

5. Pesquise sobre o anjo

Assim como esta pessoa vai conhecer o seu negócio, você deve buscar conhecê-la.

Saiba quais são os interesses do seu investidor-anjo, como costuma investir e como pode contribuir com o seu negócio.

É natural procurar alguém que apoia empresas próximas do seu ramo de atuação e que já tem alguma expertise nisso.

6. Domine as principais métricas

As métricas são medidas ou conjunto de medidas que você pode utilizar para avaliar a performance de um negócio, considerando determinados períodos.

Para atrair a atenção de investidores-anjo, você precisa dominar as principais métricas, principalmente relacionadas aos resultados:

  • ROI (Retorno Sobre Investimento): medido em percentual – quanto maior, melhor
  • CPA (Custo por Aquisição): ao contrário do ROI – quanto menor, melhor
  • Métricas do “5 Ts” (time, TAM, tech, tração, trenches), sendo:
    • Time: a equipe da startup e suas qualificações
    • TAM (Total Addressable Market): o tamanho do mercado que a startup pretende explorar
    • Tech: a tecnologia usada para criar o produto ou serviço
    • Tração: a consistência e as possibilidades de crescimento exponencial
    • Trenches (defesas): o quanto o negócio é inovador a ponto de criar uma “barreira natural” à entrada de novos players.

Além das métricas citadas acima, existem outras que podem ser usadas ou adaptadas à realidade do seu negócio.

Outro detalhe importante tem a ver com a temporalidade dos indicadores.

Além de medir o desempenho passado, você pode estimar também a performance futura com base em padrões e tendências.

7. Capriche no pitch

Sabe aquela apresentação breve para despertar o interesse dos investidores e vender o seu negócio?

Capriche nela!

Mantenha-se seguro durante o pitch e seja preciso.

Se durante esses poucos minutos, você prender a atenção do investidor, o próximo encontro é garantido.

Exemplos de investidores-anjo

Um dos maiores investidores-anjo do Brasil é João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos.

Ele é considerado o maior investidor do setor de startups e foca seus aportes em empresas no estágio seed (semente).

Algumas das empresas famosas que receberam capital de Kepler foram Rabbot, Kinvo, Pipefuy, mLabs e Méliuz

Atualmente, a Bossanova tem investimento em mais de 1,7 mil empresas, das quais 600 estão nos EUA.

Outro grande nome do mercado é Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil, uma rede que reúne mais de 500 investidores-anjo.

Entre as empresas com investimentos intermediados pela plataforma estão DNA Financeiro, Search & Reachr HR firms, Squid e Lexos.

Investidores-anjo no Brasil

Segundo uma pesquisa realizada pela Anjos do Brasil e publicada na Anprotec  em junho de 2023, existem  7.963 investidores-anjo no Brasil.

Juntos, eles aportaram cerca de R$ 984 milhões em startups durante o ano de 2022.

Apesar de ser um valor importante, representa apenas 0,7% comparado ao total que é aplicado em startups nos EUA, onde as empresas recebem cerca de 29 bilhões de dólares anualmente.

Ainda de acordo com a pesquisa, estes são os segmentos de startups que mais recebem capital de investidores-anjo no Brasil:

Onde encontrar um investidor-anjo?

Você pode encontrar um investidor-anjo em diferentes lugares e de diferentes maneiras, a começar pelo seu círculo de relacionamentos.

Pode ser que você conheça um investidor-anjo ou conheça alguém que conheça.

Esse networking é fundamental, não apenas para captar recursos para o seu negócio, como também para o desenvolvimento de outras estratégias empresariais.

Além do ciclo de amizades e relacionamento profissional, há outras maneiras menos informais de encontrar um investidor-anjo.

As principais são:

  • Grupos de investidores-anjos: instituições especializadas em fazer a ponte entre quem tem e quem precisa de dinheiro para investir, como o Anjos do Brasil e Curitiba Angels
  • Incubadoras e aceleradoras: instituições de fomento ao empreendedorismo inovador que estão sempre no radar dos investidores-anjo
  • Eventos especializados: grandes parcerias começam a partir do contato com investidores-anjo em feiras, workshops e outros eventos do tipo.

Como contabilizar o aporte de capital do investidor-anjo?

O aporte de capital do investidor-anjo deve ser contabilizado no ativo com um crédito na conta caixa e, no passivo, com um débito na conta capital social.

Dessa forma, a empresa aumenta seu patrimônio líquido e seu ativo com o dinheiro aplicado.

Como aumentar as chances de atrair um investidor-anjo?

Um dos pontos-chave para atrair um investidor-anjo é ter uma contabilidade eficiente e demonstrar com clareza os resultados do seu negócio.

Afinal, os investidores querem ver números promissores e projeções que apontem para um futuro rentável, sempre baseadas em dados confiáveis.

Se você tiver um serviço de contabilidade consultiva como o da Comece, sua empresa terá todos os relatórios e demonstrativos em dia, além de painéis visuais (dashboards) e gráficos de Business Intelligence (BI) para ilustrar as perspectivas financeiras.

Além disso, a Comece também oferece um BPO Financeiro adaptado à realidade das startups e scale-ups, para que você consiga gerenciar as finanças da empresa, fazer um planejamento sólido e acompanhar todas as métricas de desempenho.

Para fechar o pacote, também oferecemos o serviço de due diligence, garantindo o cumprimento das questões burocráticas para receber os aportes. 

Contabilidade como fator de decisão do investidor

Agora que você sabe quais são os elementos imprescindíveis para que uma startup consiga se aproximar de seu investidor-anjo, já está liberado voltar a sonhar.

É muito importante ter em mente que o seu negócio precisa ter uma consultoria contábil ou  mesmo uma parceria que assuma a contabilidade online, de forma muito bem preparada.

Dependendo da maturação da contabilidade da startup, se o setor financeiro não estiver alinhado, certamente a sua empresa enfrentará alguns problemas e isso pode assustar o investidor-anjo, mesmo que o seu protótipo seja excelente ao mercado consumidor.

Sabemos que a maior parte da distribuição dos gastos dessas startups são voltadas aos programadores.

Afinal, desenvolver um software que esteja ligado à atividade econômica da empresa requer despesas com profissionais qualificados, então, o investidor-anjo é uma das melhores opções.

É ele que vai assumir com você os riscos e colher os resultados – positivos ou negativos.

Ter uma empresa com uma estrutura organizacional qualificada, sendo fidedigna às informações contábeis e demonstrativos financeiros, atrai mais facilmente um investidor-anjo qualificado.

Além disso, aumenta de forma significativa a chance do seu negócio decolar em direção ao sucesso.

Faça contato com a Comece, conheça nossas soluções e veja como podemos ajudar você a preparar seu negócio para receber investimentos!

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