Quiet quitting: o que é, exemplos, causas e dicas para prevenir

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Fenômeno muito em evidência pós-pandemia, o quiet quitting tem tirado o sono de gestores de RH de empresas e organizações dos mais diversos portes e segmentos.

No centro da discussão, temas relevantes, como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, produtividade e pressão por resultados.

Mas o que é exatamente quiet quitting?

Quais suas implicações para empresas e colaboradores?

Neste artigo, vamos explorar o assunto em detalhes, incluindo as principais causas e alguns exemplos práticos, além de dicas de como preveni-lo.

Siga a leitura e confira.

O que é quiet quitting?

Quiet quitting é um fenômeno conhecido como “demissão ou desistência silenciosa”, caracterizada pela atitude do funcionário de cumprir apenas as obrigações básicas atribuídas ao cargo.

Nem mais, nem menos.

Trata-se de um movimento que ganhou força após a pandemia com a ajuda das redes sociais, em especial o TikTok, tendo como pano de fundo o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho.

A ideia é executar apenas as tarefas designadas no contrato de trabalho, o que significa evitar horas extras e recusar trabalhos adicionais.

Observado principalmente entre os jovens da geração Z, o quiet quitting parece ter sido potencializado pelos efeitos do distanciamento social.

Mas não é só isso.

De acordo com a 22ª edição do Índice de Confiança Robert Half, divulgada nesta reportagem, o fenômeno é motivado por diferentes situações, como:

  • Falta de reconhecimento pelo trabalho
  • Falta de oportunidade e perspectiva de crescimento 
  • Insatisfação com o superior imediato
  • Excesso de carga horária.

Para as empresas de tecnologia que precisam de mão de obra qualificada, trata-se de uma agravante quando o assunto é formação de equipe. 

Afinal, além da escassez de mão de obra (o setor de tecnologia vai precisar de 540 mil profissionais até 2025), as startups ainda sofrem com a concorrência de empresas internacionais que contratam brasileiros.

Exemplos de quiet quitting

Para ilustrar melhor o conceito de quiet quitting, podemos usar alguns exemplos hipotéticos de como esse fenômeno se manifesta nas empresas. 

  1. Um funcionário que antes ficava até tarde no escritório quando necessário para finalizar projetos, agora sai no horário rigorosamente
  2. Um profissional que sempre se prontificava em ajudar os colegas com demandas extras, agora se limita às suas próprias tarefas e passa o resto do tempo sem fazer nada
  3. Um colaborador que antes participava ativamente de reuniões e brainstorming, agora se mantém em silêncio e sem engajamento.

Nos Estados Unidos, 52% dos executivos identificaram colaboradores de sua empresa aderindo ao movimento, conforme o Índice de Confiança Robert Half.

Vale destacar que, apesar de o termo ser traduzido como “demissão silenciosa”, os colaboradores não pedem, de fato, demissão.

O que ocorre é uma redução do ritmo de trabalho para o nível mais baixo possível.

Quiet quitting no Brasil

Como se trata de um movimento global, o quiet quitting afeta as empresas brasileiras dos mais diversos nichos de mercado.

Dados de uma pesquisa da EDC Group, empresa de consultoria multinacional, demonstram que o assunto merece atenção de gestores e empreendedores.

O levantamento, divulgado em 2023, revela que:

  • O quiet quitting já é adotado por 11,9% dos trabalhadores brasileiros
  • A maioria são homens (67%)
  • Mais da metade são analistas ou assistentes (54%)
  • Vários deles se sentem angustiados, desmotivados e sobrecarregados (19,51%).

Apesar de a desistência silenciosa estar mais presente entre analistas e assistentes, a pesquisa mostra que os C-levels não estão imunes.

Os presidentes de empresas, por exemplo, apresentaram a maior taxa de ansiedade ao retornar ao trabalho após o fim de semana: 33%.

Entre os supervisores, 64% executam mais funções do deveriam.

Especialistas acreditam que o quiet quitting pode ser uma tendência no mundo corporativo, em contraponto a temas como a síndrome de burnout.

A tendência, no entanto, pode seguir em velocidades diferentes (ou tomar rumos diferentes), dependendo da situação econômica e social de cada país.

No Brasil, por exemplo, em que o número de pessoas desempregadas chega a 8,6 milhões de pessoas, segundo o IBGE, pode ser que a adesão não seja tão forte como em países em que sobram vagas.

Qual a diferença entre quiet quitting e quiet firing?

Vimos que o quiet quitting é um movimento de “desistência silenciosa” do colaborador que, por alguma razão, não está satisfeito com o seu trabalho.

Mas há também o quiet firing, conhecido como “demissão silenciosa” por parte da empresa. 

Nesse caso, o empregador cria um ambiente hostil para o funcionário, incentivando-o a pedir demissão por conta própria.

A ideia é não arcar com os custos da rescisão.

Há uma série de táticas sutis que a empresa pode usar para tornar o ambiente de trabalho insustentável para o funcionário, como:

  • Deixar de oferecer treinamentos, cursos ou projetos estimulantes para o funcionário
  • Atribuir tarefas entediantes, repetitivas ou fora de sua área de atuação
  • Reduzir suas responsabilidades gradativamente, o que pode levar a um sentimento de inutilidade.

Quais as principais causas do quiet quitting?

As causas do quiet quitting estão relacionadas principalmente à pressão interna por resultados nas empresas. 

Confira as principais.

Excesso de trabalho e burnout

A sobrecarga de trabalho, as longas jornadas e a falta de tempo para descanso podem levar ao esgotamento físico e mental, diminuindo a motivação do colaborador.

Essa é uma realidade comum em empresas de todo tipo, especialmente aquelas que precisam crescer rapidamente para entregar os resultados pretendidos.

Falta de reconhecimento e valorização

O quiet quitting pode ser motivado também por falta de reconhecimento, como ausência de feedbacks positivos, promoções ou aumentos salariais.

Empresas que não estruturam um plano de cargos e salários podem desmotivar a equipe por falta de perspectiva de crescimento e realização profissional.

Comunicação ineficiente

Problemas de comunicação entre líderes e funcionários também geram frustrações, ressentimentos e falta de engajamento, contribuindo para o quiet quitting.

Quanto maior a empresa, mais suscetível a comunicação é aos ruídos e às conversas de corredor.

Falta de autonomia e senso de propósito

Outro aspecto que contribui para o quiet quitting é a falta de autonomia para tomar decisões e o desalinhamento entre os objetivos do colaborador e da empresa. 

Um bom líder deve incentivar a iniciativa e deixar claro a missão, os valores e visão da empresa.

Ambiente de trabalho negativo

Por fim, podemos adicionar à lista de causas do quiet quitting o ambiente de trabalho tóxico e desgastante.

Situações de assédio moral ou bullying podem causar, além da “desistência silenciosa”, processos judiciais nocivos ao crescimento do negócio.

Como prevenir o quiet quitting na sua empresa?

Ao longo deste artigo, vimos que o quiet quitting não é a causa, mas a consequência de um processo de desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Como gestor, você deve tomar as medidas necessárias para evitar que isso ocorra em sua empresa, como:

  1. Oferecer horários flexíveis, programas de bem-estar e incentivos para que os funcionários tenham momentos de descanso e tranquilidade
  2. Incentivar a comunicação aberta e transparente entre líderes e liderados por meio de feedbacks regulares e canais de acessíveis
  3. Criar programas de reconhecimento que valorizem o esforço, a meritocracia e as ideias inovadoras
  4. Oferecer planos de cargos e carreiras que permitam aos funcionários visualizar o próprio crescimento dentro da empresa.  

No universo das startups, é muito importante que você ofereça também remuneração variável atrelada ao crescimento do negócio para os colaboradores-chave.

O partnership é uma dessas possibilidades.

Para criar e implementar essas e outras estratégias com sucesso, no entanto, você não pode perder tempo com burocracia.

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