Conceito bastante difundido no meio corporativo, a accountability nas empresas tem cada vez mais importância também no universo das startups.
Trata-se de um dos pilares da governança corporativa, um tema de relevância fundamental para negócios cuja missão é crescer e escalar.
Assim como outros princípios da governança, a implementação da accountability nas empresas inovadoras pode ocorrer aos poucos e sofisticar-se ao longo da jornada.
Nos tópicos a seguir, vamos explorar o significado desse conceito fundamental, seu nível de importância em cada uma das fases de uma startup e como aplicá-lo de maneira eficaz.
O que é accountability nas empresas?
Accountability nas empresas (em português, “responsabilidade” ou “prestação de contas”) é um dos pilares da governança corporativa, sistema pelo qual as organizações são gerenciadas e monitoradas.
Com exceção das empresas individuais, em que o titular é o único dono e administrador, todas as organizações precisam prestar contas em algum momento.
No caso das LTDAs, o próprio Código Civil determina que os administradores devem reportar aos sócios demonstrativos e relatórios sobre as atividades da empresa de maneira organizada e tempestiva.
Ou seja, a accountability se faz presente, mesmo que de maneira simplificada.
Em um contexto mais amplo, podemos adicionar aí a prestação de contas ao Fisco das movimentações do negócio, conforme o regime tributário adotado.
Isso ocorre, por exemplo, por meio das declarações acessórias — documentos e demonstrativos que informam, em última análise, se o contribuinte tem cumprido corretamente com o pagamento dos seus tributos.
Quando se trata de negócios que lidam com investidores, como as startups e companhias de capital aberto, a atenção à accountability se torna ainda mais relevante.
Em determinados casos, a empresa é obrigada a reportar seus dados, o que exige a adoção de práticas e processos de prestação de contas eficientes, como parte da estratégia de gestão.
Qual a importância da accountability nas empresas?
A accountability nas empresas tem como principal objetivo garantir a transparência dos processos e fortalecer o relacionamento com os stakeholders.
Para compreender a importância disso para o crescimento e perpetuidade de negócios inovadores, vale contextualizar a prestação de contas com os demais pilares da governança.
No caso das startups, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem uma definição de princípios específica, a saber:
- Estratégia e sociedade
- Pessoas e recursos
- Tecnologia e propriedade intelectual
- Processos e accountability.
Esses pilares recebem maior ou menor atenção em cada uma das fases de uma startup, que são: ideação, validação, tração e escala.
A accountability nas empresas inovadoras aparece em todas elas, com ênfase maior da validação em diante e, de maneira geral, os principais benefícios são:
Transparência e confiança
A accountability promove a transparência nas operações da empresa, permitindo que os stakeholders compreendam como as decisões são tomadas e como os recursos são utilizados.
Isso contribui para o fortalecimento dos laços de confiança entre clientes, investidores, funcionários e parceiros comerciais.
Responsabilidade
A accountability ajuda também a garantir que os membros da organização sejam responsáveis por suas ações e decisões.
No âmbito interno, significa que eles precisarão cumprir metas, seguir políticas e atender aos padrões éticos determinados pelo código de conduta.
Gerenciamento de riscos
Ao estabelecer responsabilidades claras e processos de prestação de contas, as empresas podem identificar e mitigar riscos com eficiência e em tempo hábil.
Os riscos relacionados à falta de accountability nas empresas podem ser os mais diversos, como os relacionados ao desalinhamento societário ou à compliance fiscal-tributária.
Cabe mencionar que uma empresa pouco transparente ou que manipula informações perde a credibilidade no mercado e destrói valor.
Quais os pilares da accountability nas empresas
Os quatro pilares da accountability nas empresas são abordados pelos autores Roger Connors, Tom Smith e Craig Hickmann no livro “O princípio de Oz: como usar o accountability para atingir resultados excepcionais”.
São eles:
1. Veja (See it)
O primeiro pilar é o See it (veja), cujo foco está em identificar e reconhecer eventuais problemas.
O objetivo é enxergar os pontos de melhoria, tanto dos processos operacionais e de gestão quanto de alinhamento estratégico.
2. Assuma (Own it)
O segundo pilar está relacionado à iniciativa — não apenas dos executivos, como de todos os membros da equipe.
É preciso assumir responsabilidades e agir para solucionar o problema em vez de “apontar o dedo”.
3. Resolva (Solve it)
Se você identificou o problema e assumiu a responsabilidade, o passo seguinte é buscar soluções.
A ideia é trabalhar para encontrar maneiras de corrigir o problema dentro do menor tempo possível e evitar que ele se repita.
4. Faça (Do it)
Finalmente, no quarto pilar da accountability nas empresas, aplique as soluções desenvolvidas e verifique os resultados.
Todos esses quatro pilares precisam ser aplicados juntos para que o resultado seja efetivo.
Assim, sua empresa terá condições de melhorar o desempenho, resolver problemas com mais proatividade e construir relações de confiança.
Como aplicar a accountability nas empresas?
Especificamente no contexto das startups, a implementação da accountability deve ocorrer de forma gradual, respeitando as fases de amadurecimento do negócio.
A ideia é não “sobrar, nem faltar”.
Isso vale para todos os demais pilares da governança corporativa para startups e scale-ups: estratégia e sociedade, pessoas e recursos, e tecnologia e propriedade intelectual.
A seguir, confira o nível de atenção que você deve dar ao pilar “processos e accountability” em cada uma das quatro etapas do negócio.
1. Ideação
Na fase de ideação, a startup é apenas uma ideia.
É o momento de concepção do modelo de negócio e de união entre os fundadores em torno do que poderá ser a empresa no futuro.
A atenção à accountability nessa fase é incipiente, considerando que os processos internos e prestação de contas aos sócios podem ocorrer de maneira simplificada.
A preocupação maior, nesse estágio, é com o alinhamento societário.
2. Validação
Na fase de validação, em que a empresa apresenta seu MVP e busca o respaldo do público-alvo, os mecanismos de controle e accountability devem ser melhorados.
Afinal, a startup já apresenta alguma atividade operacional, com registro de receitas e despesas, o que exige sistemas de controle mais eficientes.
Caso a empresa tenha recursos de investidores-anjo nessa fase, a accountability passa a ser uma obrigação.
3. Tração
Na etapa de tração, geralmente a startup começa a chamar atenção dos investidores profissionais (fundos venture capital ou private equity), o que exige aperfeiçoamento da accountability.
É recomendável, portanto, que o CFO crie um planejamento formal do negócio, incluindo recursos, metas e indicadores.
Significa que a empresa precisará manter atualizadas as demonstrações financeiras (balanço, demonstração de resultado do exercício, fluxo de caixa e orçamento), além de relatórios gerenciais claros e concisos.
4. Escala
Por fim, temos a fase de escala, quando a startup evolui para uma estrutura organizacional maior e mais complexa.
Nessa fase, podem ocorrer eventos corporativos importantes, como um IPO ou um M&A.
Faz-se necessário, dentro do contexto da accountability nas empresas, um conselho de administração, um conselho fiscal e mecanismos de controle mais arrojados.
Para fazer isso do jeito certo, você precisa começar do início e aprimorar os níveis de governança na medida em que o negócio cresce.
Nesse aspecto, você deve:
- Definir expectativas claras e alinhadas
- Promover a comunicação aberta e honesta
- Fornecer aos colaboradores recursos e suporte de que precisam para ter sucesso
- Incentivar a criatividade e a inovação
- Criar um sistema de feedback e reconhecimento
- Ser um exemplo de accountability.
Lembre-se de que a accountability é um processo contínuo que exige compromisso e esforço de todos os envolvidos.
Accountability nas startups ajuda a atrair investidores
Como vimos, as startups que precisam do dinheiro de investidores para crescer e escalar não têm outra opção a não ser estabelecer métodos eficientes de accountability.
Afinal, precisará prestar contas de maneira tempestiva e detalhada de como os recursos foram utilizados (e quais milestones foram efetivamente conquistados).
Não por acaso, as startups captam recursos em rodadas de investimento.
O sucesso em rounds subsequentes depende basicamente dos resultados obtidos com os recursos da rodada anterior — e de como isso foi reportado aos investidores na prestação de contas.
Nesse contexto, a dica é ir além dos demonstrativos contábeis oficiais.
Você pode:
- Criar indicadores-chave de desempenho (KPIs) sobre os diferentes aspectos de sua startup
- Usar ferramentas de análise de dados para criar dashboards e relatórios de BI fáceis de ler e compreender
- Contratar auditores ou parceiros especialistas que o ajudem a conferir as informações antes de reportá-las aos stakeholders.
Lembre-se de que, antes de assinar um contrato de investimento, sua startup passa pelo processo de due diligence, o pente fino que analisa todos os aspectos financeiros, contábeis, jurídicos, societários e operacionais do negócio.
Implementar uma cultura de governança, com foco nos quatro pilares, dentre eles, a accountability nas empresas, ajuda muito a passar por esse processo com tranquilidade.
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