Governança corporativa para startups: o que é e como implantar

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A governança corporativa para startups deve ser uma prática integrada à gestão desde a fase de ideação, mesmo que de forma incipiente.

À medida que a startup sobe de patamar, o nível de governança também deve evoluir até se consolidar dentro da cultura organizacional.

Quer entender melhor como funciona?

Então, siga a leitura e confira algumas dicas de como implementar boas práticas de governança em seu negócio e crescer exponencialmente.

O que é governança corporativa para startups?

Governança corporativa para startups é um conjunto de práticas e processos integrados à agenda ESG que tem como objetivo contribuir com uma gestão responsável, ética e transparente.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define o conceito da seguinte maneira:

“Governança corporativa é o sistema pelo qual empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.

Essa, claro, é uma definição ampla que contempla as empresas de maneira geral, sobretudo as de capital aberto que lidam com uma ampla base de acionistas.

Para startups, há alguns pilares específicos dada a dinâmica dos modelos de negócios inovadores, sobre os quais você vai conferir com mais detalhes adiante.

Quais os princípios da governança corporativa?

Os princípios da governança corporativa fazem parte do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa editado e revisado regularmente pelo IBGC. 

São cinco princípios no total (o quinto foi inserido na edição de 2023), sendo:

1. Integridade (princípio novo)

Tem como propósito promover o contínuo aprimoramento da cultura ética na organização, evitando decisões sob a influência de conflitos de interesses.

2. Transparência

Contempla a comunicação clara e objetiva de todos os atos e fatos de interesse dos stakeholders, transcendendo as informações regulatórias.

A promoção da transparência favorece o desenvolvimento dos negócios e estimula um ambiente de confiança para o relacionamento de todas as partes interessadas. 

3. Equidade

Princípio relacionado ao senso de justiça e à imparcialidade, com respeito à diversidade, inclusão, pluralismo e igualdade de direitos e oportunidades.

4. Prestação de contas (accountability)

Envolve, além das informações obrigatórias, relatórios destinados aos sócios, investidores e demais stakeholders.

Visa prestar contas de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, considerando que as decisões (boas ou ruins) impactam a organização como um todo.

5. Responsabilidade corporativa

Atuação dos gestores em prol da otimização dos recursos (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural, reputacional) e da viabilidade do negócio

Nesse contexto, busca compreender a relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, de forma a fortalecer o protagonismo.

Qual a importância da governança corporativa nas startups?

A governança corporativa para startups é essencialmente importante em dois aspectos principais:

  1. Gestão interna, envolvendo o alinhamento de interesses e expectativas entre os sócios-fundadores e equipes
  2. Atração de investimentos, quando são admitidos sócios-investidores no negócio.

Na relação entre sócios, uma boa governança pode dimensionar a colaboração de cada um e evitar conflitos danosos à sobrevivência da startup. 

Um acordo de sócios bem feito, com definições sobre remuneração, cláusulas de saída e de “non-compete” (não concorrência) são exemplos.

Quanto à captação de recursos, uma startup que pratica a governança corporativa certamente terá a atenção de investidores que adotam como critério de investimento os princípios ESG.

Como implantar governança corporativa em startups?

Para implantar a governança corporativa em startups, você deve levar em consideração o estágio de desenvolvimento em que seu negócio se encontra.

Nas fases iniciais, os aspectos mais importantes são a criação de um código de conduta, acordo de sócios, registro de marca, etc.

À medida que a startup muda de fase (ideação, validação, tração e escala), o assunto ganha mais evidência e relevância no contexto do planejamento estratégico.

Nas fases mais avançadas, temas como estruturação de planos estratégicos, criação de conselhos e de um departamento de relação com investidores devem entrar em pauta.

De acordo com o manual de governança corporativa para startups e scale-ups do IBGC, o processo de implementação deve ser sustentado por quatro pilares:

1. Estratégia e sociedade

O primeiro pilar foca especialmente no aspecto societário das empresas inovadoras. 

O objetivo aqui é formalizar a sociedade de forma que eventuais desentendimentos e entre sócios não prejudiquem a viabilidade do negócio. 

Vale ressaltar que o relacionamento saudável entre os founders é fundamental para o crescimento e escalabilidade da startup.

2. Pessoas e recursos

Quanto à formação de equipes, é importante ter em mente que será preciso oferecer, de alguma maneira, remuneração variável às pessoas-chave para atrair talentos.

Uma das maneiras de fazer isso é por meio do partnership, estratégia que eleva colaboradores selecionados ao status de sócios.

Ao fazer isso, cuidado para não diluir demais sua participação. 

Uma dica é criar mecanismos que possibilitem a concessão gradativa de direito à participação.

O mesmo princípio vale para a captação de recursos: não é salutar entregar mais do que 10% da sua empresa a investidores em troca de capital logo nos primeiros rounds.

3. Tecnologia e propriedade intelectual

Esse é um aspecto fundamental da governança corporativa para startups. 

A propriedade intelectual pode ser o ativo de maior valor de uma empresa de inovação — logo, é preciso garantir que todas as contribuições dos fundadores, consultores e mentores pertençam efetivamente à empresa. 

O registro de marcas e patentes é um exemplo.

A ideia por trás da solução inovadora, também.

Imagine sua startup decolar e então aparecer alguém que deixou a sociedade lá atrás questionando que a ideia é dele?

Trata-se de um risco que precisa ser eliminado.

4. Processos e accountability

Para startups em fases intermediárias e avançadas, a governança corporativa precisa contemplar também a prestação de contas.

Mesmo que a empresa ainda seja de capital fechado, você precisará relatar aos investidores como e onde os recursos investidos foram alocados.

Em resumo, a governança corporativa está intimamente ligada à profissionalização da startup diante dos desafios do crescimento.

Vale destacar que a profissionalização envolve também a gestão contábil e financeira, especialidade da Comece, empresa de contabilidade digital e hub de soluções de back office para negócios inovadores.

Se você quer entender mais sobre a importância da governança corporativa em cada fase de crescimento das startups, ouça o nosso podcast com o CFO da Conta Azul, Marcos Perillo.

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