Os princípios da governança corporativa não se aplicam apenas a empresas listadas em bolsa de valores.
Startups e diversas outras organizações, inclusive do terceiro setor, também podem adotá-los como estratégia de gestão transparente e responsável.
No universo dos negócios embrionários de base tecnológica, os princípios da governança corporativa têm papel ainda mais relevante.
Afinal, são empresas que frequentemente precisam recorrer a investidores, além de convencer seu público-alvo de que têm capacidade para crescer e escalar.
Interessado em saber mais sobre o assunto?
Então, descubra a seguir como adotar os princípios da governança corporativa do jeito certo.
Princípios da governança corporativa: quais são eles?
Os princípios da governança corporativa constam no Código das Melhores Práticas editado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Criado em 1999, o Instituto tem como propósito “influenciar os protagonistas na adoção de práticas transparentes, responsáveis e equânimes na administração das organizações”.
Princípio, afinal, significa essência ou fundamento sobre o qual algo é construído.
Nesse aspecto, a governança corporativa é embasada em quatro princípios fundamentais, como enumerados a seguir:
1. Transparência
A transparência na governança corporativa vai além da simples divulgação de informações técnicas definidas por leis e regulamentos.
O gestor deve disponibilizar todas as informações que sejam de interesse dos stakeholders, inclusive relacionadas a fatores intangíveis.
2. Equidade
O princípio da equidade está relacionado à imparcialidade, ao respeito, à igualdade de direitos e ao senso de justiça.
Dentro da governança corporativa, caracteriza-se pelo julgamento justo a todos os sócios e demais envolvidos na organização.
3. Prestação de contas (accountability)
Empresas que prezam pela boa governança corporativa prestam conta de suas atividades de maneira clara, objetiva, compreensiva e no tempo certo.
Do mesmo modo, os gestores e agentes de governança devem assumir a responsabilidade por seus atos, bem como as consequências.
4. Responsabilidade corporativa
Considerando o capital financeiro, intelectual, social, humano, dentre outros, os agentes de governança devem atuar sempre pela viabilidade econômica e financeira do negócio.
Em busca da otimização dos resultados, o gestor deve buscar maneiras de mitigar os efeitos externos negativos e maximizar os positivos.
A importância da governança corporativa nas startups
Os princípios da governança corporativa devem compor o planejamento de uma startup desde a concepção do negócio.
A transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa devem fundamentar o modelo de negócio como o alicerce de uma casa.
No âmbito das startups, que muitas vezes precisam pivotar, os princípios da governança corporativa podem fazer a diferença entre ter o respaldo dos stakeholders ou não.
Quando o modelo de negócio contempla a entrada de investidores, a necessidade de boas práticas de governança fica ainda mais evidente.
O MVP pode até ter sido um sucesso, mas se o investidor não sentir segurança nos métodos de gestão da startup, pode decidir não aportar na ideia.
Afinal, ninguém coloca dinheiro em um projeto embrionário e corre todos os riscos inerentes ao mercado da inovação sem um conjunto de elementos convincentes.
Avanços e oportunidades
Os marcos regulatórios de governança corporativa começaram a ganhar musculatura no mundo a partir da década de 1990, após graves escândalos contábeis envolvendo corporações multinacionais.
Apesar dos avanços na área, ainda há um importante caminho a percorrer, o que abre espaço, inclusive, para startups B2B focadas em soluções de governança.
Um levantamento da Ace Cortex, divulgado em 2021, revela que 343 startups brasileiras desenvolvem soluções relacionadas à ESG, dos quais 33 atuam como foco na governança corporativa.
Se você quer entender mais sobre a importância da Governança Corporativa em startups, ouça o nosso podcast com o CFO, da Conta Azul, Marcos Perillo.
Como aplicar os princípios de governança em startups
Os princípios da governança corporativa devem ser implementados na startup desde o início do projeto, principalmente se o empreendedor tem a intenção de atrair sócio-investidores.
À medida que a startup avança de fase, você aumenta os níveis de detalhamento da política de governança.
Algumas dicas para implantar os princípios da governança corporativa em startup são:
Acordo de sócios bem feito
O acordo de sócios é um documento que coexiste com o contrato social (equivalente à certidão de nascimento da startup).
Seu objetivo é estabelecer os direitos e deveres dos sócios e os critérios que devem ser seguidos quanto à tomada de decisões importantes.
O acordo de sócios define, por exemplo, se as decisões estratégicas podem ocorrer por maioria simples ou quorum qualificado (2/3 ou 3/5).
Auditoria periódica
A implantação de uma auditoria periódica, seja interna ou externa, também conta ponto quando o assunto é governança corporativa em startup.
O objetivo é examinar cuidadosamente todas as atividades da empresa a fim de verificar se os processos estão acontecendo em conformidade com planos previamente estabelecidos.
Comunicação eficiente e assertiva
Primeiro princípio da governança corporativa, a transparência perante o público interno e externo deve ser pautada pela comunicação clara, eficiente e objetiva.
Nesse aspecto, a startup deve definir quais informações serão reportadas aos stakeholders, principalmente os sócios-investidores, e com que frequência.
Código de ética
A startup também pode editar seu próprio código de ética por meio do qual expressará sua missão, filosofia e visão.
O código de ética é uma declaração formal de como deve ser a conduta dos colaboradores e gestores da startup, tendo como base valores como integridade e responsabilidade.
Organização contábil e financeira
Para cumprir os princípios da “transparência” e da “responsabilidade corporativa”, toda startup precisará de uma boa organização contábil-financeira.
Você pode adotar as melhores metodologias de gestão, como o customer development, lean startup e método Canvas, mas sem o gerenciamento eficiente dos recursos, não há rodada de investimento que resolva.
Para monitorar os indicadores do seu negócio e prestar contas corretamente às partes envolvidas, você precisará de um parceiro estratégico que o ajude nas rotinas operacionais.
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