O eduployment tem um papel cada vez mais central no desenvolvimento de novos negócios em um cenário crítico de escassez de mão de obra qualificada.
Se aplicado do jeito certo, pode ajudar a fechar o “gap” entre as empresas e startups que precisam de talentos e os profissionais que estão em busca de oportunidade.
Quer saber como o eduployment pode ampliar os horizontes do seu negócio?
Ao longo deste artigo, entenda o que é, quais os benefícios e como explorar esse conceito de aprendizagem em diferentes aspectos, tanto interno quanto externamente.
O que é eduployment?
Eduployment é um termo originário de duas palavras em inglês, “education” (educação) e “employment” (emprego), que significa educação para empregabilidade.
Diferentemente do ensino teórico-convencional, tem como propósito desenvolver habilidades específicas para as demandas do mercado de trabalho.
Funciona como uma espécie de especialização orientada pelas tendências da nova economia, em uma dinâmica diferente dos métodos acadêmicos por vezes desconectados da realidade.
Sendo assim, o eduployment envolve não apenas cursos oferecidos por instituições especializadas, mas o aprendizado livre em seus variados formatos, a exemplo dos conteúdos disponibilizados nas plataformas digitais.
Rodolfo Amstalden, sócio-fundador da Empiricus, defende que o mercado está sempre à frente quando o assunto é formação profissional.
Segundo ele, a ciência de dados é uma das profissões mais demandadas atualmente em função do uso estratégico dos dados e do desenvolvimento da inteligência artificial.
Apesar disso, não há cursos específicos no modelo de ensino tradicional para formar um cientista de dados.
Nesse contexto, o eduployment tem sido cada vez mais adotado pelas próprias empresas com o objetivo de formar e capacitar sua equipe de modo a garantir o crescimento exponencial.
Qual a importância do eduployment?
Do ponto de vista da empregabilidade, o eduployment é fundamental para preparar o profissional para as exigências de um mercado em constante transformação.
Nesse aspecto, seu objetivo é oferecer uma educação complementar — não se trata, portanto, de substituir a formação acadêmica ou básica.
De maneira abrangente, o eduployment representa a busca contínua por conhecimento aplicado que contribui, de maneira direta ou indireta, com o aperfeiçoamento profissional.
Do ponto de vista das empresas, trata-se de uma alternativa à escassez de mão de obra qualificada ou à oferta de mão de obra pouco qualificada, considerando que muitos recém-formados enfrentam dificuldades nos processos de seleção.
Os talentos existem nos mais diferentes lugares.
Com o eduployment, é possível transformá-los em profissionais aptos às exigências das vagas ofertadas por empresas dos mais diversos setores e segmentos.
Quais os benefícios do eduployment?
Como vimos, o eduployment busca fechar o “gap”, ou seja, cobrir a distância entre o que as empresas e startups precisam e o que os profissionais têm a oferecer.
Benefícios para o profissional
Para o profissional, uma educação continuada focada nas demandas do mercado é um importante diferencial competitivo frente às transformações da era 4.0.
Os principais benefícios são:
- Aperfeiçoamento das habilidades técnicas (hard skills) e humanas (softs skills) necessárias ao desenvolvimento da carreira
- Aumento do nível de empregabilidade, visto que o mercado valoriza quem se qualifica
- Aumento da renda (quanto mais qualificado, maior tende a ser o salário)
- Ampliação das oportunidades de emprego, inclusive internacionalmente (muitas empresas internacionais contratam brasileiros).
O eduployment é fundamental também para o profissional que pretende dar um novo rumo à sua carreira, conceito conhecido como reskilling (requalificação).
Nesse caso, trata-se do aprendizado de novas habilidades para o desenvolvimento de novas funções.
Benefícios para a empresa
Para as empresas, o eduployment faz parte de uma estratégia de desenvolvimento de recursos humanos cada vez mais alinhada às metas de longo prazo.
Afinal, se não há mão de obra qualificada o suficiente para atender demandas específicas, a solução para as empresas é capacitar sua própria mão de obra.
Organizações que mantém programas de eduployment conseguem:
- Melhorar os indicadores operacionais
- Aumentar os níveis de engajamento da equipe
- Reduzir a rotatividade (turnover)
- Reduzir custos com processos de recrutamento e seleção
- Transformar talentos em profissionais altamente qualificados e comprometidos com as metas e objetivos da empresa.
Criar e manter um programa de eduployment tem custos, mas os benefícios certamente compensam o investimento.
Eduployment e o “apagão” de mão de obra
O eduployment também pode contribuir para resolver, pelo menos em parte, o “apagão” de mão de obra, principalmente no setor de tecnologia.
Conforme uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o Brasil vai precisar de 797 mil profissionais de TI até 2025.
O problema é que, considerando a formação tradicional, apenas 53 mil pessoas com perfil para trabalhar na área são formadas por ano.
Além disso, os melhores profissionais são “assediados” pelas empresas internacionais, sobretudo dos Estados Unidos e da Europa.
Segundo um levantamento do AG Immigration Group (em inglês), apenas nos Estados Unidos 871 empresas contrataram brasileiros em 2021.
Eduployment como oportunidade de negócios para startups
No universo das startups, vale ressaltar que os benefícios do eduployment vão além da adoção de uma política de aprendizado contínuo para os colaboradores.
Há ótimas oportunidades de negócio também para as HRtechs e edtechs focadas essencialmente no mercado B2B.
Se cada vez mais as organizações precisam capacitar suas equipes, o desenvolvimento de soluções tecnológicas e educacionais focadas em resolver esse gargalo podem se transformar em negócios rentáveis e escaláveis.
No caso das edtechs, startups focadas em educação, um estudo da plataforma Distrito revela que o setor cresceu 28% durante a pandemia.
Um outro mapeamento da Abstartup mostra que os principais segmentos de atuação são:
- Ensinos específicos (22,4%)
- Novas formas de ensino (22,2%)
- Plataformas para a educação (20%)
- Ferramentas para instituições (17,5%).
Perceba que as áreas de ensino específico e novas formas de ensino, exatamente a proposta do eduployment, aparecem no topo da lista.
Como aplicar o eduployment na sua empresa?
Se você quer aplicar o eduployment na sua empresa como estratégia de atrair e reter talentos, as principais etapas a serem seguidas são:
1. Identificar as necessidades da empresa
O primeiro passo é fazer um diagnóstico interno para dimensionar as necessidades da empresa em termos de mão de obra para os diferentes departamentos.
Para as funções mais relevantes que exigem pessoas em tempo integral, o eduployment fará mais sentido.
As tarefas burocráticas, como as rotinas contábeis, por outro lado, podem ser terceirizadas a empresas especializadas.
2. Compreender o perfil do colaborador
Se você já tem uma equipe formada e precisa evitar a fuga de talentos, precisará entender o perfil do seu colaborador para implementar a melhor estratégia de eduployment.
Para proporcionar uma boa experiência de aprendizado, adote abordagens personalizadas e alinhadas à prática do dia a dia.
3. Criar um plano de eduployment
Com base nas necessidades da empresa e nas oportunidades de aprendizado disponíveis, elabore um plano de eduployment com metas e objetivos claros e realistas.
Para aumentar as chances de adesão, crie condições de crescimento profissional, aliando o eduployment ao plano de cargos e carreiras.
4. Promover a integração entre equipes
O processo de aprendizagem, por mais específico que seja, fica mais interessante quando há compartilhamento de experiências e integração entre as equipes.
Você pode proporcionar isso de diferentes maneiras, seja por meio de reuniões presenciais ou em ambientes virtuais que permitam a troca de conhecimento, de ideias e de opiniões.
5. Avaliar os resultados
É importante que você implemente também métricas capazes de avaliar os resultados da estratégia de eduployment.
Assim, terá as informações necessárias para determinar se a iniciativa têm surtido os resultados esperados ou se será preciso experimentar uma abordagem diferente.
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